terça-feira, 18 de agosto de 2009

Eu e ela

Levei cinco anos, um divórcio, um novo amor e dois filhos pra chegar até aqui. Também alguns tapas na cara, a fundação de uma empresa, boa doses de sonhos que começaram a ser semeados com audácia e suor.
Aqui é um lugar do outro lado desse charco chamado Atlântico onde eu finjo que me acostumei com duas línguas parecidas com a minha. Há que tecer laços invisíveis, esticá-los como teias de aranha para abarcar tanto quilômetro entre alguns afetos.
Ela, Mirabelle, estava aí muito antes de tudo isso. Eu voei e ela não veio junto, ou ela voou e eu não fui junto. Pois as pessoas voam em várias direções. O mais incrível não é o tempo que faz de tudo que fizemos juntas, é que ela continua ali me chamando por cima do muro de vez em quando só pra falar oi ou perguntar se já testei o novo alvejante como se fôssemos duas senhoras vizinhas há séculos.
Agora chegou a hora de estender o varal. Ela segura uma ponta e eu a outra, e aos poucos vamos fazendo correr essas notas sobre o abrumador ou o hilariante que há do lado de dentro de nós até chegar do outro lado.
Pode ser que algum transeunte olhe pro alto e, por acaso, caia aqui.
Sejam bem-vind@s.

POR WOMBER WOMAN