Ela queria ir. Mas todas as (pouquíssimas) pessoas com quem comentou desse desejo fizeram beiço torcido, olhos de recriminação e dúvida. Mas ela queria dar parabéns e levar um presente que comprara pra ele. Algo que mais ninguém iria entender, a não ser ele, e ela.
Ela não tinha medo dele. Conversavam por vezes, trocavam emails e mensagens, numa boa. Não sentia medo da casa em si, apesar do senso comum mandar que ela tivesse medo, raiva, receio, rancor e qualquer outro sentimento escuro que se tira do baú de mágoas.
Mas ela tinha medo... não era medo, era um receio temeroso, mas também ansioso, quase animado, mescla de sentimentos distintos e, de novo, segundo os outros, inconciliáveis, das plantas. Ela tinha receio das plantas.
Reviu amigos e primos (dele) alguns com mais entusiasmo do que a outra parte envolvida no cumprimento, conversou, sentiu-se acolhida, matou saudades, soube boas notícias- Vamos casar em julho! Ouviu outras que a deixou menos alegre: Eu e a Gi terminamos. Uma pena, queria tanto rever a Gi, prima postiça loira, de cidade pequena com todas aquelas coisas de caipira, gentil, afetiva, doce, frágil, delicada, mãe, louca. Uma amiga. Uma pena.
A casa estava linda, toda refeita dos buracos que ela deixou. Geladeira, móveis e quadros novos. Novos amigos, amigAs, que arranharam alguma sensação de território invadido, mas no parabéns, com amigos rodeando ele, ela soube que ele estava feliz. E isso a fez se sentir grata. Porque gratidão é alegria temperada com Deus.
O banheiro de dentro estava ocupado e ela foi lá fora, passou pela cozinha e reconheceu dois sentimentos que disputavam lugar. Era bom não ter que arrumar aquela bagunça. Era ruim não ter nada a ver com aquela bagunça, a bagunça que antes fora seu território, sua responsabilidade, sua caverna, seu corpo. Ali fora da cozinha viu primeiro o manjericão florido, enorme, como são as plantas “pragas” que crescem a revelia de cuidado e de sombra.
Ela não tinha medo dele. Conversavam por vezes, trocavam emails e mensagens, numa boa. Não sentia medo da casa em si, apesar do senso comum mandar que ela tivesse medo, raiva, receio, rancor e qualquer outro sentimento escuro que se tira do baú de mágoas.
Mas ela tinha medo... não era medo, era um receio temeroso, mas também ansioso, quase animado, mescla de sentimentos distintos e, de novo, segundo os outros, inconciliáveis, das plantas. Ela tinha receio das plantas.
Reviu amigos e primos (dele) alguns com mais entusiasmo do que a outra parte envolvida no cumprimento, conversou, sentiu-se acolhida, matou saudades, soube boas notícias- Vamos casar em julho! Ouviu outras que a deixou menos alegre: Eu e a Gi terminamos. Uma pena, queria tanto rever a Gi, prima postiça loira, de cidade pequena com todas aquelas coisas de caipira, gentil, afetiva, doce, frágil, delicada, mãe, louca. Uma amiga. Uma pena.
A casa estava linda, toda refeita dos buracos que ela deixou. Geladeira, móveis e quadros novos. Novos amigos, amigAs, que arranharam alguma sensação de território invadido, mas no parabéns, com amigos rodeando ele, ela soube que ele estava feliz. E isso a fez se sentir grata. Porque gratidão é alegria temperada com Deus.
O banheiro de dentro estava ocupado e ela foi lá fora, passou pela cozinha e reconheceu dois sentimentos que disputavam lugar. Era bom não ter que arrumar aquela bagunça. Era ruim não ter nada a ver com aquela bagunça, a bagunça que antes fora seu território, sua responsabilidade, sua caverna, seu corpo. Ali fora da cozinha viu primeiro o manjericão florido, enorme, como são as plantas “pragas” que crescem a revelia de cuidado e de sombra.
Mas ao lado da horta que o manjericão tomou todo pra si estava ela, uma plantinha que ela tinha plantado bebê, e que crescera para além dela. Devia ter dois palmos de altura quando plantada, estava com mais de 1 metro e 70.
Ele veio chegando com o primo e eles dividiram a surpresa divertida e quase orgulhosa desse crescimento. “O tamanho que ela ficou!”, “Sempre penso em você quando vejo o tamanho dela”.
E de novo sentimentos tristes e profundamente felizes deram as mãos dentro dela. E quando isso acontece dá trabalho. Confunde, cansa o sono. A alegria e a tristeza quando se fazem companheiras exigem bastante da gente.
Se aquela planta cresceu tanto, o que mais poderia ter crescido? O que cresceu? A certeza da semente vingada, o pesar pelos frutos que poderiam ter sido.
E ela resolveu escrever. Para que felicidade e tristeza pudessem dormir juntas, como deve ser.
(Á ele, que plantou tanto comigo.)
Por Mirabelle.