Se você curte Ramadã ou carnaval e é mulher, estamos de acordo: precisamos de biquínis! Ou de burqinis. O traje de banho para mulheres muçulmanas só podia mesmo ter surgido debaixo de muito sol e cercado de mar: nasceu na Austrália, criação de Aheda Zanetti, uma libanesa radicada ali desde os dois anos de idade (e, é bom lembrar, que cresceu num país onde não era obrigada a usar véu, burqa ou se tapar, e se usa é por opção). Eu adorei as cores, a proposta da roupa, feita com materiais de alta tecnologia que permitem liberdade de movimento, são aptas para a prática de esporte, secam super rápido e revolucionaram a vida de jovens que queriam fazer coisas tão simples como entrar no mar ou se inscrever na hidroginástica.
Ah, mas por que elas não colocam um maiozinho da Speedo e vão lá jogar biribol? Bom, umas duas semanas atrás um eminente senhor, colunista do jornal espanhol La Vanguardia, escreveu sua coluna de opinião dizendo que achava a criação um absurdo, pois como era uma forma de opressão da mulher devia ser proibida.
Eu acho bárbara essa visão eurocentrista da existência. Então legal é ter que ficar fazendo depilação, academia, comprando peito de silicone pra achar que tá em condições de ir à praia ou à piscina? Isso não é uma ditadura imposta às mulheres? Gente, o burqíni acaba com seus problemas. Ninguém nunca vai ficar sabendo se sua depilação tá precisando de um update, se você está com uns dois quilinhos a mais ou se seu abdômen não é um tanquinho.
Mas falando sério. Usar o véu ou a burqa são também hábitos culturais e parte de uma identidade. Privar as mulheres da possibilidade de usá-la (possibilidade, e não obrigação) é tão ridículo quanto proibir homens de usarem terno e gravata alegando que toda aquela indumentária faz mal pra saúde no meio de tanto calor ou a desculpa que você quiser inventar. Será que esse senhor já imaginou um mundo em que os homens de negócio não podem usar terno e gravata “porque é opressor”? Acho que dá na mesma em termos de privar alguém da possibilidade de exercer uma identidade.
No caso da mulher muçulmana, o uso de burqa ou véu está relacionado ao pudor do corpo, mesmo quando mora em países ocidentais como a Ahida, criadora do burquini. Esse pudor do corpo impede que a cidadã se sinta à vontade pra pôr um biquíni e ir lá se meter na água. Eu acho que não é muito diferente do pudor de colocar uma sainha ou regata quando a depilação está vencidíssima (quem se atreve? Hã? Hã?) ou miniblusa quando tem quilos sobrando. Não é que esteja proibido, mas...
Eu a-do-rei o burqini. Ele está mudando a vida de muitas mulheres com muito respeito. Veja como.
Uma salva de palmas para a Ahiida (e um “buuuuuu...” pros europeuzinhos medíocres que querem despir os muçulmanos e tapar os indiozinhos só pra todo o mundo ficar igual a eles).
POR darling darling