Ela chega em casa as 3 e pouco de quarta-feira, o umbigo da semana. Como disse Sartre a hora da náusea. Cedo demais para terminar qualquer coisa e tarde demais para começar. O apartamento está tão bagunçado que o pouco espaço que tem parece se apertar entre as roupas sobre a cama e a louça de ontem na pia, sua obsessividade não deixa que ela faça nada antes de arrumar a casa, como se só com os lençóis esticados e a louça limpa ela pudesse caber ali de novo.
Ela se programou toda para ir na academia, lutou bravamente contra seus preconceitos e críticas de futilidade ao marcar a primeira “aula” (não entende ainda bem porque chamam isso de aula) com o personal. Ela chegou no vestiário e percebeu que esqueceu o tênis. Droga de ato falho, seu inconsciente estava andando bem assanhado essa semana, fazendo-a trocar nomes e esquecer coisas (compromissos e tênis). Comprar um tênis novo no shopping? Não daria tempo mesmo assim, tinha que se conformar de perder aquelas dezenas de dinheiros para o seu inconsciente, além do que sua conta estava tão negativa que ela começou a sentir simpatia pela Grécia, que tem uma dívida maior que o PIB, pensou ela, se um país inteiro pode, porque não posso eu?
Ao voltar já sem ter conseguido realizar a grande feita de treinar com seu personal (ela já aprendera o jargão local), cada loja com placa de liquidação a convidava na tarde ensolarada, ela pensa no cartão de crédito que cortou no meio por sua absoluta e total incapacidade de entender que dividir em 6 x não resolve nada. Pensando nisso ela jura que vai arrumar o armário e dar roupas que ela não usa mais, porque matematicamente falando não é possível tantos corpos ocuparem o mesmo espaço.
Ela sonha com pessoas que andam pela rua parecendo estarem todas arrumadas, por dentro e por fora. As japonesas sempre lhe parecem ter gavetas impecáveis, sem clips e papéis no fundo, imagina seus guarda-roupas organizados e seus investimentos em renda fixa pingando cada vez que recebem o salário.
Ela suspira e pensa que da bagunça da pia nasceu um jantar terça a noite, que da cama risos e intimidades, dos papéis e livros uma aula. E decide, de Ipod no ouvido ir arrumar a casa dançando ao som de Jorge Ben.
Ela se programou toda para ir na academia, lutou bravamente contra seus preconceitos e críticas de futilidade ao marcar a primeira “aula” (não entende ainda bem porque chamam isso de aula) com o personal. Ela chegou no vestiário e percebeu que esqueceu o tênis. Droga de ato falho, seu inconsciente estava andando bem assanhado essa semana, fazendo-a trocar nomes e esquecer coisas (compromissos e tênis). Comprar um tênis novo no shopping? Não daria tempo mesmo assim, tinha que se conformar de perder aquelas dezenas de dinheiros para o seu inconsciente, além do que sua conta estava tão negativa que ela começou a sentir simpatia pela Grécia, que tem uma dívida maior que o PIB, pensou ela, se um país inteiro pode, porque não posso eu?
Ao voltar já sem ter conseguido realizar a grande feita de treinar com seu personal (ela já aprendera o jargão local), cada loja com placa de liquidação a convidava na tarde ensolarada, ela pensa no cartão de crédito que cortou no meio por sua absoluta e total incapacidade de entender que dividir em 6 x não resolve nada. Pensando nisso ela jura que vai arrumar o armário e dar roupas que ela não usa mais, porque matematicamente falando não é possível tantos corpos ocuparem o mesmo espaço.
Ela sonha com pessoas que andam pela rua parecendo estarem todas arrumadas, por dentro e por fora. As japonesas sempre lhe parecem ter gavetas impecáveis, sem clips e papéis no fundo, imagina seus guarda-roupas organizados e seus investimentos em renda fixa pingando cada vez que recebem o salário.
Ela suspira e pensa que da bagunça da pia nasceu um jantar terça a noite, que da cama risos e intimidades, dos papéis e livros uma aula. E decide, de Ipod no ouvido ir arrumar a casa dançando ao som de Jorge Ben.
Por Mirabelle