Droga! Eu fico tão feliz (e preocupada) quando pairo sorridente sobre as tarefas cotidianas mais banais, contente por ir na padaria, animadíssima quando encontro vaga para estacionar na terceira volta que fiz no quarteirão para ir ao banco, grata à uma força maior quando sento no sofá na hora da minha série favorita etc e tal.
Eis que as férias chegam, a gente sai da realidade de marmita, vai para um lugar novo, conversa com gente diferente e volta.
Desde quando o dia dia de qualquer mortal passou a ser a saga de uma secretária com uma chefe digna do Diabo veste Prada?
Porque se você tem coisas comuns de qualquer cidadão urbano como conta no banco, de celular, um cartão de crédito que pode ter pontos convertidos em milhagens, dois emails, uma conta no Facebook, umas 7 contas pra pagar (água, luz, condomínio, algum curso, prestação de alguma coisa) seu dia é uma jornada tripla: trabalho, casa e secretária executiva da sua própria vida.
Você tenta resolver a m... da NET que não está funcionando, por celular, nos seus 40 minutos de almoço, ao mesmo tempo em que estaciona o carro, pega um papelzinho de estacionamento que voa com o vento e fala:
“de 15 cm, peito de peru, não, atum, tomate, molho de mostarda com mel. O quê senhora? Não, não é com você! Tô falando com a moça do Subway. Ok senhora, desculpe a demora, vou pedir algumas informações por motivos de segurança. Quente, e uma coca light. Pode me passar o número do seu CPF? 223... Não temos light, pode ser zero? Senhora... seu CPF. Zero, pode ser...322 255 167. Como senhora? 14,90, cartão ou dinheiro? Eu já digitei meu CPF. Você não tem aí? Senhora, cartão ou dinheiro?”.
O incrível das férias são os tempos. Tempos largos, preguiçosos, frouxos, estendidos, não medidos. Pode-se sentar para ler e levantar 3 horas depois, ficar num bar 5 horas, conversar por 3:30h (tomando cerveja). A fome muda de lugar no dia, o sono se ajeita diferente aparecendo em lugar novo e deixando a noite quente para outras festas.
Esses tempos ilimitados são para mim como um doce que quanto mais se come mais fica gostoso. O impressionante é quão rápido o relógio acelera assim que se volta, como se as contas, os emails, os telefonemas, os dentistas e tudo o que não foi feito exigisse com ferocidade a imediatez de cada coisa e reconhecemos sem gosto a sensação de ir dormir com a conhecida impressão de deixar sempre mais do que a metade da lista por fazer.
A não ser que você seja um caso de TOC (transtorno obsessivo compulsivo) grave para quem riscar itens de uma lista seja uma satisfação em si mesma, a pergunta: "pra quê tudo isso" se mantém uma incógnita.
O que vale a pena mesmo? Sem valer depois? O que vale na hora? Beijo. Falar outra língua (e isso inclui todas as lições de casa necessárias). Protetor solar até a noite. Chegar num lugar novo. Conversar com gente diferente. Conversar com amigo antigo. Vídeo engraçado do Youtube. Fazer um bolo e ficar lindo. Comer uma comida desconhecida. Barulho da latinha de cerva abrindo. Marquinha de biquini. Ler.
O incrível das férias são os tempos. Tempos largos, preguiçosos, frouxos, estendidos, não medidos. Pode-se sentar para ler e levantar 3 horas depois, ficar num bar 5 horas, conversar por 3:30h (tomando cerveja). A fome muda de lugar no dia, o sono se ajeita diferente aparecendo em lugar novo e deixando a noite quente para outras festas.
Esses tempos ilimitados são para mim como um doce que quanto mais se come mais fica gostoso. O impressionante é quão rápido o relógio acelera assim que se volta, como se as contas, os emails, os telefonemas, os dentistas e tudo o que não foi feito exigisse com ferocidade a imediatez de cada coisa e reconhecemos sem gosto a sensação de ir dormir com a conhecida impressão de deixar sempre mais do que a metade da lista por fazer.
A não ser que você seja um caso de TOC (transtorno obsessivo compulsivo) grave para quem riscar itens de uma lista seja uma satisfação em si mesma, a pergunta: "pra quê tudo isso" se mantém uma incógnita.
O que vale a pena mesmo? Sem valer depois? O que vale na hora? Beijo. Falar outra língua (e isso inclui todas as lições de casa necessárias). Protetor solar até a noite. Chegar num lugar novo. Conversar com gente diferente. Conversar com amigo antigo. Vídeo engraçado do Youtube. Fazer um bolo e ficar lindo. Comer uma comida desconhecida. Barulho da latinha de cerva abrindo. Marquinha de biquini. Ler.
Mas se bem que pra ir para um lugar novo, conhecer gente diferente e conversar em outra língua, dar um beijo com protetor solar a noite, comendo maionese de wasabi, os pontos do Multiplus convertidos em milhas ajudam bem...
Por Mirabelle