Existem três tipos de mulheres (e acho que de homens também):
1- as que não engordam nunca, por terem sido eleitas, devido a alguma razão cármica, na roda da Fortuna celeste;
1- as que não engordam nunca, por terem sido eleitas, devido a alguma razão cármica, na roda da Fortuna celeste;
2- as que engordam e não ligam, por negação maluca ou por estarem na pós modernidade e não participarem inexplicavelmente das exigências estéticas atuais;
3- e as que fazem/ou tentam fazer regime;
Para as do terceiro grupo alguns passos antecedem a grande decisão de FAZER REGIME.
Primeiro a gente finge que não vê, damos todas as desculpas imagináveis que vão desde a retenção de líquidos, a semana do mês, a fase da lua, a posição da luz no espelho que desfavorece, roupas que encolheram...
Nesse período escolhe-se calças largas, blusas mais compridas, e pretas, saltos mais altos e todas as artimanhas existentes para parecer mais magra.
Porque quando nos sentimos gordas não nos vestimos, nos disfarçamos.
Uma calça mais comprida para diminuir o quadril, uma bata para disfarçar a barriga, um brinco reto para afinar o rosto.
Eis que em certa manhã sua negação falha e você escolhe do guarda-roupa uma calça jeans...que não entra.
É oficial, você engordou, ou as suas calças se reuniram no armário e prepararam um motim contra a sua auto-estima.
E contra o que nos ensina “O Segredo”, você não emagrece com sua incrível força de vontade de se imaginar linda e magra naquele vestido que comprou e nunca usou.
Esse é o momento da decisão desesperada. Você vai ao supermercado e compra uma revista que estampa descaradamente na capa alguma solução incrível para o seu problema:
“Emagreça 5 kg em 3 dias dormindo”
“Nova dieta da melancia”,
e segue para casa com um arsenal de sopas em saquinho light, refrigerantes zero, barrinhas de cereais com muita fibra e pouca caloria, sementes de linhaça (que você jura que vai bater com um suco de couve toda manhã, receita infalível segundo a revista)
Ou ainda aquelas que levam o negócio a sério e compram livros,
“Dieta do abdômen”, de “South Beach”, da proteína.
Quem tiver a cara de pau de escrever “Dieta da batata-frita” vai virar um best seller.
Eis que não há outra alternativa, visto que comprar revistas, livros e fazer força com seu pensamento não te fizeram caber de novo na sua calça, se não COMEÇAR O REGIME.
Ao mesmo tempo em que você prevê a falência da sua vida social, já que vai se tornar (iso se conseguir manter o regime até o próximo happy hour) aquela companhia agradável que pede um guaraná zero no bar, não come pizza na pizzaria, recusa o bolo de aniversário. Você tenta comer saborosas castanhas e maçãs de 3 em 3 horas, negar as Kopenhagens que vê pelo caminho e jantar sopas de 47 calorias.
Está escrito no pacote que é de abóbora com queijo, mas é impressionante o cheiro, e o gosto de perfume que a sopa tem.
E enquanto decide se dá pra encarar a sopa de perfume, sem querer você se pega amaldiçoando o fim dos espartilhos (que afina a cintura sem fome ou séries infinitas de abdominais) ou imaginando viver naquela época renascentista de mulheres fofinhas e cor de rosa...
Por Cocobelle