sexta-feira, 16 de outubro de 2009

5,4,3,2,1... Êêêê Reveillon!!!


Sei que sou uma voz solitária em meio á balbúrdia de roupas brancas, Iemanjá, cidra Cereser e tal, mas quando começo a pensar no Reveillon um mal-estar se apodera de minha pessoa. Não é pessimismo, é experiência, conto-lhes o início do trauma: pais separados, natal com a mãe, ano-novo com o pai, iuk!


Já passei ano novo na casa de tia evangélica distante num lugar mais distante ainda (quase no Paraguai), com uma amiga holendesa do meu pai que veio conhecer o Brasil (ok, o ano novo dela foi muito pior que o meu!) vendo aquelas filmagens bizarras do Edir Macedo acendendo charuto com dinheiro, e olha que esse foi dos menos ruins, imaginem!


Sei que em geral me acham chata, que seja, sou chata, mas quem acha legal trânsito de 8 horas até Ubatuba, chevete tocando funk, superocupação da areia, falta de dinheiro no caixa eletrônico e cidra cereser quente bebida no bico, me perdoem, perdi a fila da parcela Polyana da minha alma na entrada.


Acho essa coisa de ano novo um horror! Aí penso, ok, praias em São Paulo, Rio ou qualquer lugar para onde seja possível dirigir menos de 1000 kilômetros não, tudo muito lotado, mais longe: Bahia, Ceará. Imagino aquela areia branca que vai looonge, onde se anda até não ver mais ninguém e pode voltar e ver pessoas bonitas sem pagode, vendedor de biju, mindoim, tatuagem de henna e bilhete de loteria. E então me pego novamente (não me canso de me surpreender, todo o ano a mesma coisa me surpreende) surpresa com os preços das viagens. Ir para a Bahia de avião e ficar numa pousada custa mais que uma lua de mel nesses hotéis (chatos, mas tudo bem) do Caribe.
Sem contar a viagem, repasso as festas de fim de ano. Será que sempre fui nas erradas? Não, lembro de um luau na praia que foi legal! Quando chega perto do fim do ano começam a aparecer roupas lindas brancas nas vitrines, com brilhinhos e tal, me esqueci quantas vezes peguei-me pensando: mas onde eu vou com isso?


Não sei vocês chéries, que são pessoas finas e bem relacionadas, mas eu nunca passei a meia-noite com vestido brilhante tomando champagne...


O mais legal é parar para ouvir as histórias de ano novo das pessoas, porque teoricamente falar que passou a virada em Copacabana é legal, mas pergunta se choveu, se tinha o que comer e como a pessoa com a respectiva família de 20 pessoas voltou para a Barra depois...


Aí me apego a um antigo plano: eu, cachorros e a retrospectiva 2009 na TV. Não vejo Globo, mas esse seria um momento épico, um ato de resistência contra a superlotação de tudo, os preços altos, os amigos cada um em um lugar. Ou melhor, um ato de bravura que reverenciasse a minha incapacidade de planejar ou achar um ano novo bom.


Retrospectiva com o Faustão é demais, não me atreveria a começar um ano com esse avant-prémière de tamanho mal agouro. Outra idéia me ocorre: réveillon eu, cachorros e a coleção de filmes do Bergman, melhor, mas não sei se mais ou menos deprimente.


Aí você pensa: praia é caro, vou para o interior, Minas Gerais, uma pousadinha tranqüila. Quando chega lá entende porque é tranqüilo, porque ninguém quer ir para esse lugar onde as estrelas da festa são: O Doce de Leite e Caminhar. E hotel fazenda? Você cogita, e então pensa que talvez cavalos, patos e bingo não seriam bem o que você estava imaginando para a comemoração de fim de ano.


Sei que eu seria mais feliz se fosse menos chata, se fosse mais como uma amiga querida a quem admiro a infinita condição de ir em qualquer lugar, de Cancun a rodeio, bar de blues a Forró ao ar livre no frio, balada de música sertaneja, festival de pesca no Mato Grosso... não péra aí, o Faustão começa a não me parecer tão ruim assim.


Vejo na revista da minha imaginação uma festa com música boa, amigos, vestido branco, champagne gelada, em taça. Sou tonta de acreditar nessa propaganda que protetor solar e a CVC fazem? Talvez. Mas não canso de esperançar essa festa que nunca fui.

Por Cocobelle