sábado, 21 de novembro de 2009

Esmalte verde = Mesa redonda/ Placar





Esse calor... quarta fiz voz manhosa para uma amiga me acompanhar em uma, duas, três, quatro (etc)... cervejas lá pelas 10 e meia da noite, 27 graus, bar na rua, daqueles podrinhos, com qualquer coisa frita deliciosa, de croquete a bolinho de bacalhau. Não dava pra dormir. Entendi nessa semana o mistério de quarta-feira, há algumas semanas volto de um compromisso tarde e me pego sentindo que as paredes e assentos domésticos têm pulga. Não é uma invasão de insetos coceirentos: é dia de jogo!!!!!

Nunca morei em prédio, e ainda não concebo um lar em tão diminutas proporções. Continuo, como a minha cachorrinha, que fica parada na porta da sala como fazia na do quarto anterior, a pensar que depois daquela porta seguem-se os próximos cômodos da casa. Mas não, depois daquela porta seguem outros diminutos larzinhos de onde, de quarta, um som se repete infinitas vezes após as 21:30h. Aquele sxplet da latinha abrindo. Entendi, QUARTA É DIA DE JOGO!!!


Que alegria que é noite de jogo, 27 graus com a trilha sonora sxplet, independente de quem jogue (nunca tenho a menor idéia), segundo um primo corinthiano roxo, domingo é dia de jogo do Coringão, independente de quem esteja jogando. Quarta é dia de sxplet.

Então, novembro é mês daquela outra trilha sonora recheada de efeitos sonoros dos anos 80 que nos remete a tatuagens de pôr-do-sol com golfinhos. “Vem chegando o verão, muito amor no coração, essa magia colorida”. Não haveria pessoa melhor a falar de verão que a carioquésima Fernanda Abreu.

E não sei se empolgada pelos sxplets da vida, ou pelas revistas de moda, parece-me que esse verão traz coisas de fato novas que gostaria de dividir com vocês: scarpins fetichosos, biquínis e maiôs Bond girls, maquiagem mineral mate (desculpem meninos, aqui começamos a falar em outra língua mesmo, mas continuem nos acompanhando, se você tem interesse no universo feminino- ahá, agora não dá coragem de desistir de ler né? Nada como uma ameaça à masculinidade).

Digam aí chéries, o que pensam do esmalte verde que invadiu os salões de beleza em tons de menta (clarinho) e verde mais escuro? A Chanel lançou o esmalte JADE, de um verde chique e a Colorama e a Risqué fizeram suas versões brasileiras. Quem já não usou ou ouviu falar do Rosa-Chiclete, aquele rosa cor-de-sapato-da-barbie?

Aliás, uma menina daquelas muito cor-de-rosa falou para a sua psicóloga, ao ver as unhas da profissional esmaltadas com a tal novidade: “A minha Barbie tem um sapato dessa cor!” Só as meninas para se entenderem mesmo.

Testemunho de uma amiga ao usar o esmalte verde: “Você se sente meio estranha, sabe quando a gente fica roxa, e depois fica verde? Dá essa impressão de estar verde de depois de roxa”. Comentário: isso pode ser bom! Hehehe.

E os scarpins da Arezzo. Cores: coral, menta, rosa chok, vermelho- daquele vermelho de desenho animado do vestido da Jessica Habbit, lambram? Fetichozíssimos.

Experimentei o escarpim meia-pata (com aquele salto “embutido” que deixa o salto enorme sem ficar desconfortável- antes era usado só por travestis e pela Claudia Raia, mas agora é legal e moderno) peep toe (aberto na frente, dedinhos a mostra) verde menta e achei o máximo.

Comentei com uma espécie feminina ao lado: “Isso é uma coisa que nenhum homem entende!”. Falado isso um espécie masculina olha para o sapato com uma expressão de dúvida e confusão e exclama: “Porque um sapato dessa cor?”

É meninas, se vocês comprarem um scarpin verde menta e uma carteira coral (de verniz pra brilhar ainda mais!) não esperem que seus companheiros entendam, não é uma questão de gostar ou desgostar é de não alcançar o que a coisa significa, esse verbo bom em inglês que não temos em português: realize, eles não “realizam”. Assim como nós não realizamos a idéia da discussão ad eternun a respeito do Flamengo ter que empatar para o São Paulo continuar em primeiro.

Essas coisas são coisas nossas (desde pequenas, como nos mostra a menina que entende exatamente a idéia do rosa-chiclete) e para não deixar os meninos de fora, faço uma aproximação desses mundos que parecem não apenas distantes um do outro, mas que parecem vibrar em ondas de espécies distintas.

Essa conversa de esmalte verde, para mim, tem a mesma função, serve para a mesma coisa que aqueles programas de TV infindáveis sobre futebol. Esmalte verde = mesa redonda.

Viva a quarta sxplet de jogo de futebol que a gente sai com uma amiga pra falar de esmalte verde. Esses assuntos, que são mais como bolsões de falta absoluta de utilidade são como um balneário de descanso (um resort mental) do que é tido como importante, aquele espaço do qual fala Winnicott entre o que é de fora (realidade objetiva) e o que é de dentro (da gente).

Uma dica meninas: prestem atenção na discussão futebolística (se na hora não houver a mão uma espécie feminina pra falar de esmalte), eles falam deles, e falam da bola, e falam de novo de si mesmos, e falam do Wagner Love (a-do-ro esse nome, não é o máximo?). Como a gente, que fala da cor do scarpin, e fala da vida estar colorida, ou não. E fala do rosa-chiclete, e fala da Barbie que existe em nós mesmas.

Uma frase do grande frasista e romancista Oscar Wilde para fechar (e me garantir das críticas a respeito da futilidade do assunto):

“A mim dai-me o supérfluo, que o necessário todo mundo pode tê-lo.” (Oscar Wilde)

D. W. Winnicott- pediatra e psicanalista inglês que criou o conceito de espaço transicional/potencial. Área de experiência emocional que transita entre a percepção objetiva da realidade e a apreensão subjetiva. A brincadeira habita o espaço transicional, assim como a cultura e a religião. Os fetiches (no bom sentido também). Área de criatividade, de potencial para o nascimento do novo.

Por Cocobelle
(Pra quem gostou: leia também o post "Quase trinta" de 08 de setembro aqui mesmo no varaldedentro )