quinta-feira, 21 de junho de 2012

Meninos e meninas


Sabe quando você cansa de ouvir balela e se pergunta se na sua testa está escrito "idiota", com letras bem grandes e reluzentes? Pois é mais ou menos assim que estou me sentindo por conta de uma dessas "trivialidades" (muitas, muitas aspas) da vida de mãe: a difícil tarefa de escolher uma escola para os filhos.


Não, não é a primeira vez que tenho que fazer isso e o processo em si não é novidade, nem um bicho de sete cabeças. Mas agora é diferente: moro em outro lugar, e o Júnior começa o 1º ano em 2013, então é aquele momento em que ele vai começar a estudar de verdade (pelo menos na nossa cabeça e na do sistema).

Então lá vamos nós agendar visitas, pedir referências a outros pais e conhecidos, numa saga já algo familiar. E, como agora moro aqui, na cidade em que cresci, uma das opções cogitadas é a escola em que estudei. Que, naquela época, umas duas décadas atrás, era considerada uma escola de vanguarda, com pedagogia inovadora, que desenvolvia nos alunos o senso crítico, conhecida por dar uma formação que é bagagem para a vida e não só para passar num vestibular – e graças à qual agradeço em boa medida por ser quem sou.

Acontece que essa escola, também em boa medida, me fez acreditar que meninas e meninos eram igualmente capazes, igualmente inteligentes, com possibilidades igualmente fantásticas de serem pessoas realizadas e bem-sucedidas. E eu acreditei nisso.

Mas o mundo aqui fora não é bem assim. E agora, nessa procura de escola para o Júnior e a Zilminha, apesar de minha escola ter sido ampliada, ter mudado (fui à festa junina e fiquei com a sensação de que o que antes era organizado pelas famílias e pela comunidade escolar agora está tudo terceirizado) eu, a princípio, ainda acredito em sua proposta pedagógica. O que não acredito MESMO é que, já no século XXI, essa mesma escola ainda não ofereça nenhuma opção de período integral aos alunos e suas famílias (como a maioria das escolas).

Por que a indignação? Porque, hoje, o mundo mudou. Eu trabalho, o Asdrúbal trabalha e nenhum dos dois está disposto a colocar a carreira em segundo plano – e, ainda assim, alguém deve ficar com as crianças numa parte importante do dia. Os avós das crianças trabalham (vovó pesquisa redes neurais, inteligência artificial e programa robôs, que os netinhos adoram ver) e nós não temos empregada nem babá, em parte por opção, em parte pelos custos mesmo. Somos uma dupla de malabaristas para fazer a vida doméstica funcionar.

Lembra que a escola me ensinou que eu poderia ser alguém bem-sucedida? Poisé, eu sou. E que eu poderia ter as mesmas oportunidades que os meninos? Então. Pra mim, hoje, vinte anos depois, está faltando coerência nesse discurso (que tenho certeza que continua a ser ensinado aos alunos). Aqui temos alguns poréns caso você, que foi menina, tenha decidido ou deseje algum dia optar pela maternidade.

Por mais bela e inovadora e fantástica que seja a proposta pedagógica de uma escola, não dá para se propor a ensinar os alunos a ter pensamento crítico e prepará-los, meninos e meninas, para um mundo de igualdade de oportunidades e direitos se, com esse horário escolar, o que se consegue é uma atitude sexista e classista. Sexista porque se alguém tiver que ficar tomando conta dos filhos no horário em que eles não estão na escola muito provavelmente esse alguém vai ser a mãe, e não o pai (os tempos mudaram, mas certas mudanças requerem seu tempo). E então aquelas incríveis oportunidades profissionais caberão num vasinho de violeta na janela da cozinha. E classista porque, se a mãe não puder, provavelmente entrará em jogo uma babá ou empregada (observem novamente como este tipo de trabalho exclusivamente feminino é considerado pouco qualificado) e ei-nos perpetuando o modelo casa-grande-e-senzala em suas novas vertentes do novo milênio.

Com escola em período integral para todo mundo eu, como mãe e mulher, disponho de mais tempo para me dedicar à carreira e me sentiria menos culpada de deixar meus filhos em algum lugar todo o dia caso haja um sistema escolar que normalize essa atitude. E babás e empregadas e outras mulheres menos favorecidas que "optam" por ficar em casa (na verdade porque a perspectiva dos empregos aos que têm acesso muitas vezes fazem com que não valha a pena o ato de "trabalhar fora" em si) terão mais tempo para estudar e quem sabe a gente consiga um mundo um pouquinho mais democrático não só pra mim, que tenho nível universitário, estou mandando meus filhos pra escola particular e tenho minhas preocupações pequeno-burguesas com a existência.

Até lá, ou até que alguém me explique porque os horários escolares dessa escola não viram alteração em seus 35 nos de existência, vou ficar assim, com cara de idiota por ter acreditado nesse conto da carochinha.

Womber Woman



quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Sonho de uma noite de verão




Férias escolares, verão chegou e com ele o momento de ir visitar a sogra. Ok, ok, a visita não é exclusivamente a ela, é a toda a família do Asdrúbal, longe de ser pequena. Como acontece na vida de muitos, dentro de muitas casas (e espero que um dia dentro do coração do Júnior também), ela, A Mãe, é a figura que adquire protagonismo em se tratando de família. Então vamos lá: subimos no aviãozinho e cruzamos o equador para visitar a sogra.

Minha sogra é um amor - e ela é mesmo, não é ironia (os quilômetros que nos separam por tantos meses do ano talvez ajudem a ter essa opinião). O que não me impede reconhecer que somos diferentes em muitos aspectos. Quis o Universo que ela seja dessas senhoras que criou cinco filhos com os pés nas costas, que senta um, dois, três, dez comensais (em turnos, se preciso for) na mesinha da cozinha e vai esquentando tortillas para iniciar uma produção de tacos em série enquanto conversa e, quando você termina de jantar e pensa em começar a ajudar com alguma coisa a louça já está lavada, você pode guardar aqueles dois tupperwares com umas sobrinhas na geladeira (porque essa arte de calcular as quantidades perfeitas para refeições com número de pessoas sempre variável realmente é uma arte que minha matemática não domina) e voilà, você está liberada para ir ao quarto dormir e encontrar sua roupa magicamente passada e perfumada esperando que você decida onde guardá-la.

Eu, por minha vez, posso acabar histérica se meus dois únicos rebentos resolvem dar chilique e meus superpoderes (super?) se inclinam mais em controlar um mundo secreto de clientes e colaboradores desde meu laptop do que as quantidades e procedimentos de preparos de comida. Remover manchas é um suplício, não motivo de orgulho, e agradeço até hoje aos neozelandeses por terem me ensinado que é possível viver dignamente sem passar roupas.

Diz o ditado que cabeça vazia é panela do diabo. Lá tão longe da grande civilização você pode relaxar do seu mundo – e eis que, quando você baixa a guarda, seu inconsciente aproveita para dar o golpe.

Passei essas semanas tendo sonhos (pesadelos?) , flashes e reminiscências de figuras opressoras, nada fofas, de sogras do passado. Na verdade, nem todas eram sogras, mas Grandes Matronas, dessas que eu já não serei. A mãe de meu namoradinho da adolescência observando cada um de meus movimentos quando eu, na ousadia dos meus 16 anos, me ofereci para ajudá-la na cozinha: "Também é assim que eu lavo as batatas", disse, panela em riste, depois de eu tê-las esfregado uma a uma cuidadosamente com bucha e sabão na pia da cozinha. Ou o olhar de ódio da dona Dalva, que me alugou um quarto quando cheguei para estudar em São Paulo dois anos mais tarde, ao cruzar comigo no ônibus do bairro semanas depois de eu ter me mudado para uma república e ousado abandonar o seio e os valores de sua família monoparental (era assim: enquanto ela ralhava com a filha da minha idade porque não tinha lavado a louça ou terminado a faxina, os dois caçulas inúteis de 13 e 16 anos viam TV e pediam: "Mãe, traz água" e a senhora ia até a sala toda solícita, copo de água em mãos. Com um pratinho embaixo.)

A verdade é que, tanto quando entrei na cozinha da senhora mãe-do-meu-namoradinho como na casa da dona Dalva, era uma inepta em assuntos domésticos. E foi assim, com a paciência que essas matronas tiveram comigo (não por opção delas, mas com gentileza até) que aprendi tudo aquilo que não me ensinaram em casa - como cozinhar feijão, escolher o programa da máquina de lavar, que minha roupa já estava seca o varal. E que o olhar opressor, na verdade, sou só eu quem vê, refletido desde o poço de minhas inseguranças.


Womber Woman, jan/2012

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Presentear (continuação texto anterior)




3-Fuja do óbvio




Se você fugir do presente óbvio já vai dar o recado que pensou mais que as outras pessoas para presentear.
Os presentes óbvios são, para mulheres: blusinhas, perfumes, cremes, sabonetes, bijouterias. Para homens: camisetas, gravatas, CDs, vinhos.
Mas nada disso é óbvio se para aquela pessoa em especial O vinho, ou A camiseta do time que ele gosta tiver um sentido pessoal e único. Todo presente ganha ares especiais dependendo da maneira que é escolhido e dado. Você pode dar um vinho e não dizer nada, ou você pode escolher um vinho e se lembrar de uma viagem recente que seu amigo fez à Itália e dizer isso, que é um vinho italiano para que ele se lembre da viagem que fez, você fez um presente banal virar um presente único, mostrando ao seu amigo que se lembra da viagem que ele fez e escolheu um presente pensando na pessoa única que ele é.
Uma maneira muito legal de fugir do presente óbvio e comprar presentes enquanto está viajando!
No mundo globalizado de hoje a gente está encontrando quase tudo em todo lugar igual, o que, na minha opinião, é uma facilidade, mas deixa o mundo um pouco mais chato (e made in China). As coisas que você acha em shoppings por todo o Brasil são praticamente as mesmas e as grandes marcas são as mesmas no mundo inteiro. Mas se você está viajando e vê alguma coisa que acha que uma amiga, sua sogra, primo, marido vai gostar e é algo único daquele lugar, compre! Mesmo que não esteja perto da data do aniversário ou natal, guarde e dê depois! (só não esqueça e compra mais um monte de coisas até lá). Toalhas de feirinhas de Fortaleza, porta-passaporte com imagens do Rio que você só encontra em lojinhas do Rio, objetos decorativos em barraquinhas em Cuzco no Peru, enfim, itens mais artesanais e únicos são especiais e faz a pessoa presenteada saber que você lá longe lembrou dela.

4-Escolha algo que tenha relação com algum interesse único da pessoa. Algum interesse que seja da vida inteira, ou algum recente;

Ao invés de dar um sabonete para uma amiga ou uma camiseta para seu primo, pense no que ele ou ela vem se interessando recentemente. Ela começou um curso de fotografia? Ele está de namorada nova e está animado na cozinha? Não é muito mais delicado e interessante uma panela nova ou uma coleção recém editada de um fotógrafo sobre o qual você leu em alguma revista?

5- Imagine o que poderia ser muito útil e a pessoa nunca compraria;
Esse é o presente “Steve Jobs”: a pessoa não sabe o que precisa até você mostrar pra ela!
A pessoa ganha, na hora ela agradece, mas não dá muita bola, porque ela não sabe, mas você sabe, que vai ser muito, muito útil. E quando ela for usar uma duas, três mil vezes, ela vai ficar te agradecendo.
Esse presente requer extrema sensibilidade para conhecer quem se vai presentear. Exemplo: um namorado vivia perdendo todas as suas coisas mais importantes, carteira, celular, óculos, porque ele tinha três aparelhos celulares, duas caixinhas de óculos, uma carteira e sempre mais alguma coisa na mão que ele ficava carregando de lá pra cá às vezes numa bela sacolinha plástica de supermercado. A namorada observadora, deu de natal uma espécie de bolsa de couro, demorou para ela encontrar algo que ela achasse que ele pudesse usar sem parecer uma bolsa de mulher.




Os melhores presentes que eu já vi (dei ou recebi)

Em tempos de vacas magras + história + muito carinho. Família.
Em um natal uma tia minha fez um livrinho simples, xerocado e encadernado em gráfica comum (nada mandado fazer pela internet com fotos, editado como livro, nada disso), com receitas da Tia Sofia, uma tia velinha que cozinhava muito bem. Nesse livrinho tinham receitas de muitas pessoas da família, bolos, cocadinhas, massas de pão, ao lado de algumas receitas está escrito a ocasião ou da onde ela é conhecida na família: Bolo do casamento da Tia Mô, “Bolo de nada” etc...
Dá trabalho. $

Melhor amiga
No meu aniversário de 18 anos minha amiga mais próxima desde que tínhamos 9 anos fez um livro, pintado à mão por ela, com fotos nossas desde excursões da escola, passando por bilhetes que trocávamos na aula, cartões postais de viagens, letras de músicas, até fotos da formatura do terceiro colegial.
Esse dá um trabalhão, são anos de vida e não existe jóia mais preciosa que essa.
Dá muito trabalho. $

Para toda pessoa
Livro. Dar um livro que a pessoa goste de ler é SEMPRE um presente especial. Se a pessoa gosta de ler e você tem a sensibilidade de apresentar à ela um ator que ela não conhece, é um acontecimento! Esse não é apenas um presente, é como se você apresentasse pessoas que podem se tornar grandes amigos. Eu sou uma leitora voraz, mas acredito que isso valha da mesma maneira para a música.
Não dá trabalho. $$

Presente extreme makeover
Fazer uma “reforminha”. Eu e meu irmão em um natal passado demos a sala de TV de presente para a nossa mãe. Não! Nós não refizemos paredes, nem compramos TV. Compramos uma colcha e almofadas. A sala de TV era uma bagunça estética, colcha dos colchões que faziam as vezes de sofá de uma cor, almofadas de outra, parede de outra. Escolhemos uma colha que combinava com a parede e almofadas em tons semelhantes, trocamos o tapete com outra sala e o quadro de outro ambiente. A sala, um dos ambientes favoritos da casa, ficou mais aconchegante, em tons de azul acinzentado, calmo e fresco. O + legal é arrumar o ambiente e não dar apenas a colcha e as almofadas!!
Dá trabalho. $$$$

Clássico de amor
Uma jóia em um jantar de reconciliação de amor.
Não dá trabalho pra escolher. Mas esse momento pode ter dado todo o trabalho de um coração. $$$$

Ps. Todo presente ganha um upgrade para a primeira classe quando acompanhado de um cartão! Receita rápida para o cartão: relacione a data em questão, sua relação com a pessoa e o presente.
Ex: aniversário. Amiga. Livro.
“É um alegria para mim estar em mais um aniver seu! Que as palavras da Clarice te acompanhem nesse ano e que seja um ano de muito amor!!”
Tudo tem que ser de verdade, do coração, e de novo, fuja do óbvio! Nada de "sucesso, tudo de bom, felicidades", se não, você vai parecer uma tia distante qualquer.


É dessa maneira que dar presentes se torna algo divertido e acaba aproximando as pessoas. O natal na minha família é sempre esse momento em que, mesmo que durante o ano os primos não se falem muito, é o momento da troca através dos presentes. Como está o curso? Você leu o livro? Gostou? Me empresta? Mas atenção! Presente não é obrigação. No momento em que você deu, a pessoa é livre para fazer dele o que bem entender, não a obrigue a usar, nem a cobre por isso, isso é extremamente indelicado. Quando encontrar da próxima vez o amigo a quem presenteou com um livro, não pergunte se ele já leu, aguarde que ele venha comentar com você, caso contrário, vai parecer que você está cobrando o “feedback” do presente.

Dica de quem ganha o presente: SEMPRE abra-o na hora e comente o que achou. Nada mais indelicado do que deixar o pacote embrulhado e a pessoa que teve todo esse trabalho aqui (acima descrito) sem saber se te agradou.

Presentear é elegante, demonstra cuidado, gentileza e preocupação da sua parte para com quem está sendo presenteado.
Acho que sempre devemos levar algo na casa de quem estamos indo conhecer pela primeira vez, algo para a decoração ou uma flor, mas nada ostensivo.
Deve-se sempre dar presentes em aniversários, mesmo quando a ocasião for informal e quando se vai conhecer o bebê de uma amiga ou amigo.



Mas assim como é deselegante a falta, o excesso também o é, por isso é importante saber medir o valor do presente, para que não se pareça esnobe.
E ATENÇÃO, CUIDADO!! Mesmo que você tenha aprendido a ser uma pessoa educada e elegante, observe as suas relações e lembre-se da máxima popular: não dê pérolas aos porcos, existem pessoas no nosso convívio, amigos ou familiares que não merecem presentes especiais, bem pensados como esse manual indica, caso a etiqueta sugira que você tenha que presentear mesmo assim essa pessoa, reserve uma lembrancinha, que presentear com carinho e cuidado não é fazer caridade por quem não se tem apreço, se você fizer isso por obrigação, vai se sentir mal.


Bom Natal!!



Por Cocobelle

domingo, 18 de dezembro de 2011

Presentear

Então é Nataaaallllll

Você com certeza já ouviu, se já passou pela adolescência ou tem algum amigo que ficou preso no discurso João Gordo/ curso de humanas, IFICH (filosofia Unicamp) ou fefeleche (humanas USP) que o Natal é uma invenção capitalista, que o papai Noel é uma figura criada com as cores da Coca Cola e blá blá blá... essas pessoas ou estão treinando os discursos panfletários recém aprendidos ou elas os utilizam porque não conhecem o gosto de PRESENTEAR.

Presentear alguém não é mera invenção capitalista (me desculpem Marxistas de plantão), dar um presente exige muito mais que dinheiro e shopping. Muito, Muito mais.

Dar um presente exige tempo, espaço mental para o outro dentro de si, da cabeça, do coração muito mais do que no bolso.

Dar um presente começa antes de ir às compras, se esse for o caso. Começa-se pensando, começa aí também a razão para tanta gente odiar dar presente!
Quando os enfeites de natal aparecem, acendem dentro de mim luzinhas de idéias de presentes.

Parece coisa antiga e démodé, mas a verdade é que estão ressurgindo por aí muitos manuais, nos tempos da pós-modernidade, em que se diz que o que há de UAU é não haverem regras pra nada, a verdade é que estão voltando os manuais de etiqueta, de moda, de comportamento, e eu estou achando divertido!
Vamos então ao Manual dos Presentes, porque não???

Dar presente dá um qüiproquó danado, um mal-estar que dura muitos natais, dar um presente caro e ganhar uma lembrancinha... dar uma bolsa luxuosa pra sua mãe e ver sua empregada no ano seguinte com a dita-cuja...

Existem várias formas de presentear:

-Com orçamento ilimitado- Fácil de agradar, não exige imaginação. Raro de acontecer. (Quem não amaria uma jóia da Tiffany ou um carro? Vai falar que não??)

- Com orçamento limitado- Mais interessante. Exige imaginação.

1- Pensar no que a pessoa gostaria de receber- Presente ideal. Exige se colocar no lugar do outro, pensar em que momento da vida a pessoa está- Requer maturidade emocional, empatia, gentileza, tempo, tranqüilidade. Ou anos luz de psicoterapia.

2- Pensar o que EU quero dar- costuma acontecer quando o presenteador quer “arrumar” o presenteado. Relação mãe-filho, namorada -namorado, esposa-marido (às vezes se faz necessário). Ou na pior das hipóteses, quando o presenteador só gosta de dar o que gosta sem pensar no outro (Famoso: “Narciso acha feio o que não é espelho”).

3- Presente feito pelo presenteador- muito especial- requer talentos pessoais. (Ganhar um bolo, um livro de fotos, um quadro pode valer mais que uma jóia)

Vamos às receitas:


1- Imaginar ou investigar o que a pessoa quer e gosta; (NUNCA o que ela PRECISA)

Para isso é importante conhecer bem quem se presenteia ou perguntar à alguém próximo da família, um amigo a quem se tenha acesso à mãe ou marido por exemplo.
NUNCA dê de presente o que a pessoa PRECISA, isso é CHATO de ganhar.
O que a gente PRECISA, a gente COMPRA!
Imagina ganhar a persiana que impeça o sol de bater no seu computador... nada mais importante... e mais chato! Ganhei uma velinha perfumada de uma marca francesa que adoro, ficou linda no lavabo, nada mais desimportante... eu nunca compraria. Amei!

2- Observe as lojas que a pessoa frequenta, ou melhor, as que ela adora e nas quais não costuma comprar;


Ganhar presente serve para a gente ganhar aquilo que, no geral, não compraria.
Se a pessoa a quem você vai presentear é caprichosa e tem marcas favoritas ou algumas lojas pelas quais tem preferência, mas não costuma comprar, vai ser MUITO fácil agradar.
Não precisa comprar um item que custe caro, por exemplo, se é uma loja de sapatos, e você não pretende dispender esse valor, escolha um item mais em conta, um cinto por exemplo. As pessoas que tem preferência pela marca não se importam com o item, mas com a qualidade, com a cores, pelo que a idéia daquela loja representa. A pessoa que segue tendências de moda e acompanha as coleções, se sentirá agraciada e conquistada pela sua delicadeza em compreender isso, não importa quão simples seja o item que você escolheu, essa escolha vale muito mais do que dar, por exemplo, um vestido de qualidade duvidosa que a pessoa pode não usar.
Isso vale também para os homens, muitos homens tem suas lojas preferidas, o que não significa que você precisa presentear com um blaser ou uma camisa, peça que extrapola o orçamento que você reservou para o presente, mas pode escolher uma carteira da loja que sabe que a pessoa gosta. Novamente esse presente é melhor do que dar uma peça de roupa de preço igual e qualidade inferior.


(continua...)


Por Cocobelle

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A gata e o homem-barco



A gata era gata não por atributo de beleza, mas porque se enroscava, e miava. Tinha uma casa colorida, com bolinhos que cresciam no forno de boneca deixando tudo com cheiro de açúcar.
O homem-barco tinha um sofá coberto com uma manta, coisas que sempre estavam no mesmo lugar em cima da mesa e um quadro, não pendurado na parede, com uma camisa de time de futebol dentro.

A gata era mulher-lugar, o homem navegava e se encostou ao lado dela.

Ela não sabe se era porque ele a chamava de gatinha que se enroscava daquele jeito no pescoço dele. E enroscava que nem gato se enrosca, passando por baixo da perna e esticando pra encostar, fazendo carinho em si mesma. De noite era bom de acordar só pra tocar qualquer parte nele, o lado do pé, o ombro.

E ele era grande como um barco, homem-lugar onde ela queria ficar, suspirava pra si mesma, para sempre. Achava que nunca ia cansar (ele tinha medo que ela enjoasse) daquela conversa silenciosa entre as peles deles.

E que nem gata que acorda e se aconchega girando no mesmo lugar, ela fazia no peito dele, como se coubesse inteira, encolhida ali. Ali onde dava vontade de sorrir, e ele vivia perguntando o porquê ela ria, pensando que ela escondia algum segredo, mas nada era secreto no sorriso, era um sorriso de contente de quem acha um lugar que tem um cheiro tão bom que dá vontade de rir.

“Coisa de bicho mesmo isso parece”, pensava ela, quando fazia os bolinhos matutando que ele nem devia achá-la bonita assim, perto das outras mulheres, que ela bem sabia, ele também chamava de gatinhas.

A gata tinha montado sua casinha com fotos e tapetes, almofadas de borboleta e lixeiras de rosa, abtjours e velas. Era um lugar pronto para se chegar, visitar, e quem sabe ficar. O homem-barco atracou ali na casa-da-manta-no-sofá por acaso, veio navegando sem saber a direção, ele diz que perdeu sua bússola numas tempestades por onde passou. Nessas tempestades ele deixou outras coisas também, que ele não sabe direito, mas lhe fazem grande falta.

A gata mudou e trouxe sua casa dentro dela, ela chegou e a casa foi saindo e se ajeitando pelas paredes e pela varanda do lugar novo. Ela sabe que casa não é lugar fora, parede de tijolo, madeira e tinta, mas lugar dentro que se leva aonde se vai.

O homem-barco não trouxe a casa dele dentro, deixou n´outro lugar, ele ainda não sabe (ou tem medo de) ir buscar. A casa dele é que faz falta, porque sem casa-dentro não se tem lugar onde acomodar as visitas quando elas chegam. Mas a gata encontra uma almofada no peito dele, e fica ali, quentinha.

A gata queria falar pra ele que o que ela gostaria, o que ela deseja mesmo é que ele possa ir buscar o coração e trazer pra perto, e assim quem sabe encontrar o caminho pra casa no sorriso dela.



Por Mirabelle


(Post re-postado, original de 10/fev/2010)


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Uma Velha Nova história



O Rafinha Bastos já disse que:
- Mulher feia que reclama que foi estuprada devia agradecer e que isso não é crime, é oportunidade;
-Mulher não devia amamentar em público... blá blá blá alguma barbaridade acerca dos mamilos maternos,
- Ele, no meio de uma piada falou que a mulher do dono da Rede TV (Daniela Albuquerque) era cadela e se desculpou depois, porque “não era uma mulher qualquer”. Vejam só, se fosse, podia ser cadela;
- A última bestialidade do moçoilo foi dar o último tiro no pé: “Eu comia ela e o bebê”, sobre a Wanessa (ex Camargo), grávida de 5 meses.

Acabo de ler que ele foi afastado definitivamente do CQC depois de seu colega de bancada Marco Luque ter apoiado a revolta expressa pelo marido de Wanessa (Marcus Buaiz- não que esses nomes importem tá? Só pra acompanhar as news) e de Ronaldo, este que sempre se mostrou parceiro do CQC.

A conversa entre homens foi mais ou menos essa: “eu, como pai, entendo e apóio a revolta e a indignação do Marcus Buaiz, um homem que conheço e respeito. Se fizessem uma piada com esse contexto sobre a minha família, certamente ficaria ofendido.”
Alguém notou algo de estranho?
Alguém percebeu que nada foi falado acerca do desrespeito à Wanessa? À mulher? À mãe?
Homem. Família. Pai.
O Rafinha Bastos ofendeu aos homens e agora sim os homens fizeram alguma coisa para nos poupar de mais absurdos que esse cara viesse a falar.

E mais um estranhamento. Ou só eu estranhei? Porque o marido dela falou alguma coisa? Ligou para o amigo que ligou para o jornalista? Uma mulher adulta, independente, profissional, que é ofendida e desrespeitada dessa maneira, não diz nada?

Que homens como Rafinha Bastos corram pelo mundo, como macacos soltos em uma plantação de bananas, eu até entendo. Foi muito tempo (não tenho certeza do tempo verbal) do homem livre e soberano no seu poder. Mas me pego pensando no outro lado, em um preocupante, obscuro, fugidio e escondido. O meu, o nosso.

As minorias violentadas nos seus direitos, ofendidas, agredidas nunca tiveram seu espaço oferecido pelos seus agressores, elas sempre tiveram que brigar por ele. Me pergunto de que maneira a mulher brasileira não faz isso.
E não faz isso bem de mansinho, bem disfarçadinho, sendo agredida sempre, de leve e de perto. Silenciosa e recolhida na falsa mini saia, no biquíni fio-dental mostrando tudo e velando a passividade e o sorriso de moça boazinha.

O Rafinha Bastos é um exemplo aumentado do que acontece em toda e qualquer rodinha de amigos, e quase nenhuma mulher se posiciona, assim como a Wanessa não disse nada.

Sou uma mulher que tem amigOs e amigos de longuíssima data, o que me permite um acesso ao mundo masculino que me diverte e me oferece a chance de ouvir histórias e experiências quase como um deles, um “Joh” (como diz um amigo de mais de 20 anos), e eu me pego escutando causos de mulheres, de pegadas, de amantes, de namoradas, de motel, de bagunças, de brochadas, de desilusões, de alegrias. E escuto entre curiosa, divertida e quase orgulhosa, de saber que não são todas as mulheres que tem a cadeirinha do camarote para olhar esse mundo assim, pela fresta da fechadura da confiança de tantos anos de amizade. Me divirto com as imagens das bundas e bocas e paixões e reclamações de cremes da Victoria Secret... mas algo acontece se eu cometo o erro fatal de achar que posso contar alguma coisa minha, simplesmente se cometo a gafe imperdoável de supor, de sequer imaginar que eu, mulher, tenho o direito de, no meio de homens, dividir alguma experiência...

-Ah Fulana... não acredito que você vai falar isso pra mim... não quero escutar ah não...

Aqueles homens, que tão confortavelmente me contavam suas histórias sentem-se ameaçados (ela vai falar de outro homem... buuuuu óóó- aahh amigos, homens, como vocês de ameninam com suas vaidades agigantadas, medindo com suas réguas imaginárias rivais que nem são seus) ressentidos, me olham com uma mistura de medo que logo tratam de transformar em julgamento, em condenação e PLAU lançam mão de alguma agressãozinho gratuita e incômoda... como fez Rafinha Bastos.

A melhor defesa é o ataque.



Mas as mulheres não se defendem, se calam, são agredidas sempre, em rodinhas em que leves toques de machismo aparentemente inofensivos são misturados na cerveja e em sorrisos amistosos.

“Ahhhh porque mulher gosta mesmo de dinheiro né?”

Nós meninas, brasileiras, crescemos ouvindo que temos que nos dar ao respeito, e não aprendemos que respeito a gente oferece a todo mundo, independente do comprimento da saia.

Não vou ser mais amiga de quem não respeita gente, de quem ofende, de quem agride. Não gosto de quem violenta gratuitamente, em especial minorias historicamente agredidas.

E cansei desse jeitinho brasileiro de fazer pizza com o que importa, com o que é sério, a clássica cordialidade dos panos quentes.
Rafinhas Bastos não são mais meus amigos, porque dignidade a gente não negocia mais.

Por Mirabelle




Leiam o Post no Escreva Lola Escreva


"Rafinha suspenso do CQC por ofender gente que importa"



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Mundo e os seus 2 únicos problemas


Tenho uma amiga psiquiatra que, de verdade, resolveu meus problemas, não em consultas e de jaleco, mas numa mesa de bar. Resolveu não, reduziu, dissolveu, minimizou e separou o mundo de forma simples e didática.

Quero compartilhar com vocês a TEORIA DOS 2 TIPOS DE PROBLEMA.

Eu sei que quando a gente fala assim já vem as amigas da USP, psicólogas falando: iiii não vai falar que você leu O Segredo??
Não! Não é do Segredo, não é auto-ajuda barata de botequim.
Abram seus coraçõezinhos.

Existem 2 tipos de problemas No Mundo:

- O problema do TIPO 1 e
- o problema do TIPO 2

O problema do TIPO 1: MEU PROBLEMA.
O problema do TIPO 2: SEU PROBLEMA.

Eu sei, eu sei, parece bocó, parece simplório, parece besta. Mas venham comigo aos exemplos e façam após essa leitura o exercício besta de tentar pensar nos 2 tipos de problemas nas + diversas situações que te acometerem com um vendedor de loja, com seu namorado/a, com uma amiga, com a sua mãe e com seu chefe.

Vendedor das Casas Bahia- Você discute o preço do fogão e o cara acha que você tem cara de otário e fala que o preço deles é bom pra caramba, você fala que leva o fogão se ele fizer o preço a vista em 10 vezes. “Aaaah aí eu vou ter que falar com o meu gerente.” “Então fala”. O cara fala, volta e claro que diz que pode fazer isso, com aquela discursinho que ta te fazendo o maior favor do mundo. Você agradece, fala que ta dando uma olhada e diz que se decidir volta para procurá-lo, pede um cartão com o nome dele e se prepara para sair.
Vendedor- Mas você volta em uns 15, 20 minutos?
PLIM
Ou você se vê obrigado, pelo vendedor das casas Bahia (Meu Deus, pelo ven-de-dor-das-ca-sas-Ba-hi-a), voltar no tempo que ele estipulou;
Ou, caso você não tenha uma natureza tão boazinha ou submissa, você sente um mal estar do cara tentar te impor um limite de tempo para um desejo DELE.
OU... você pensa nos 2 TIPOS DE PROBLEMA.
Ele quer que você volte- Vamos lá tiurma! Chamada oral: Qual tipo de problema é esse? Tipo 1 ou tipo 2? Tipo 2, problema dele! Então, com isso em mente você pode ser educada, elegante e não se irritar e responder:
Eu não sei em quanto tempo eu volto!
Legenda: esse problema é seu!

Se com o vendedor das Casas Bahia esse tipo de coisa acontece, com as relações + próximas e importantes esse tipo de confusão entre o que é meu e o que é do outro acontece com + força, + potência e causa grandes furdúncios.

Entre amigos, amantes, família, as pessoas fazem o tempo inteiro o jogo (sempre inconsciente) de enfiar no outro a responsabilidade de cuidar do que não lhe cabe.

Quando se fala em 2 tipos de problema, em "cada 1 no seu quadrado", pode se dar a impressão de certa frieza e egoísmo nas relações. Pelo contrário.
Só se pode estar junto quando se está separado.
Não existe estar-junto quando se está misturado com o outro/ no outro.

As mulheres, culturalmente criadas para serem boazinhas, submissas ao desejo do outro, são as rainhas de confundir tudo.

Uma amiga: não vou sair com ele porque ele quer alguma coisa a mais e eu não.
O cara quer alguma coisa com você.
De novo tiurma: Que tipo de problema é esse?
Problema do tipo 2. Problema dele.
Pensando assim ela pode sair com o cara, leve, livre de ter que se encarregar em dar conta do que ela imagina que ele quer. No fim da noite o problema do tipo 2 pode se tornar do tipo 1, se o cara for interessante e souber levar a conversa, se não, na “pior” das hipóteses, os 2 podem ter ganhado um novo amigo/a.

Parece bobagem, mas saber onde acaba o eu, e onde começa o outro é trabalho para uma vida.

Não é não, cara pálida???

Por Mirabelle