domingo, 9 de maio de 2010

Sopa de perfume

Existem três tipos de mulheres (e acho que de homens também):

1- as que não engordam nunca, por terem sido eleitas, devido a alguma razão cármica, na roda da Fortuna celeste;

2- as que engordam e não ligam, por negação maluca ou por estarem na pós modernidade e não participarem inexplicavelmente das exigências estéticas atuais;

3- e as que fazem/ou tentam fazer regime;

Para as do terceiro grupo alguns passos antecedem a grande decisão de FAZER REGIME.
Primeiro a gente finge que não vê, damos todas as desculpas imagináveis que vão desde a retenção de líquidos, a semana do mês, a fase da lua, a posição da luz no espelho que desfavorece, roupas que encolheram...

Nesse período escolhe-se calças largas, blusas mais compridas, e pretas, saltos mais altos e todas as artimanhas existentes para parecer mais magra.

Porque quando nos sentimos gordas não nos vestimos, nos disfarçamos.
Uma calça mais comprida para diminuir o quadril, uma bata para disfarçar a barriga, um brinco reto para afinar o rosto.

Eis que em certa manhã sua negação falha e você escolhe do guarda-roupa uma calça jeans...que não entra.
É oficial, você engordou, ou as suas calças se reuniram no armário e prepararam um motim contra a sua auto-estima.
E contra o que nos ensina “O Segredo”, você não emagrece com sua incrível força de vontade de se imaginar linda e magra naquele vestido que comprou e nunca usou.

Esse é o momento da decisão desesperada. Você vai ao supermercado e compra uma revista que estampa descaradamente na capa alguma solução incrível para o seu problema:

“Emagreça 5 kg em 3 dias dormindo”
“Nova dieta da melancia”,

e segue para casa com um arsenal de sopas em saquinho light, refrigerantes zero, barrinhas de cereais com muita fibra e pouca caloria, sementes de linhaça (que você jura que vai bater com um suco de couve toda manhã, receita infalível segundo a revista)
Ou ainda aquelas que levam o negócio a sério e compram livros,

“Dieta do abdômen”, de “South Beach”, da proteína.

Quem tiver a cara de pau de escrever “Dieta da batata-frita” vai virar um best seller.

Eis que não há outra alternativa, visto que comprar revistas, livros e fazer força com seu pensamento não te fizeram caber de novo na sua calça, se não COMEÇAR O REGIME.

Ao mesmo tempo em que você prevê a falência da sua vida social, já que vai se tornar (iso se conseguir manter o regime até o próximo happy hour) aquela companhia agradável que pede um guaraná zero no bar, não come pizza na pizzaria, recusa o bolo de aniversário. Você tenta comer saborosas castanhas e maçãs de 3 em 3 horas, negar as Kopenhagens que vê pelo caminho e jantar sopas de 47 calorias.
Está escrito no pacote que é de abóbora com queijo, mas é impressionante o cheiro, e o gosto de perfume que a sopa tem.

E enquanto decide se dá pra encarar a sopa de perfume, sem querer você se pega amaldiçoando o fim dos espartilhos (que afina a cintura sem fome ou séries infinitas de abdominais) ou imaginando viver naquela época renascentista de mulheres fofinhas e cor de rosa...


Por Cocobelle

3 comentários:

  1. Querida Cocobelle, só prá alargar o drama feminino, vou comentar o tema "regime": concordo com vc com o "aderir, negar ou ser extra terrena e viver fora dos parâmetros do grupo", mas não sei se toooda mulher vive essa questão exatamente com o regime... eu sou do tipo que engorda, mas não tanto, mas juro que não sofro muito e nem penso muito nisso. sim, até sofro qdo ponho um biquini, mas como isso é raro, eu não lembro muito do fato engordar ou emagrecer. isso não faz de mim uma "liberta". sofro de outros males, outras comparações que fazemos principalmente entre nós mulheres para ver onde é que nos classificamos. Penso que o parâmentro que adotamos tem a ver com a idade, com a situação de vida, enfim, não sei se podemos generalizar sobre o regime... aliás, vou lá fazer uma boquinha que me bateu fome falar disso! bjo!

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  2. Ontem fiquei pensando sobre esse assunto...REGIME!!! Ai cheguei a triste conclusão de que de qualquer forma vou ficar angustiada...
    Se ficar gorda...vou ficar triste por estar gorda. Se ficar o tempo todo fazendo dieta...a angustia vem na vontade de comer de tudo a qualquer hora e não poder...
    Entãoooooo...colocando na balança rsrsrrs...melhor ficar uma magrinha angustiada do que uma gordinha angustiada!!!
    É claro que existem pessoas como a Mel...felizes e livres.Que bom...

    bjo

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  3. Oi Daniela! não, infelizmente não sou feliz nem livre por não ter o regime como uma questão importante! Só quis dizer que às vezes o ponto ao qual nos prendemos pode variar de mulher para mulher, em diversos grupos, faixa etária... Uma coisa da cultura do grupo com o qual nos identificamos, entende? E claro, tbem não me sentiria bem gooorda. É que no ponto em que estou prá mim tá bom, e eu até posso comer chocolate! rsss. bjo!

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