Não sei se é porque o rebolation é bom bom ou se é porque o rebolation é bom bom bom que essa música gruda na cabeça e te acompanha até seus sonhos mais profundos. Hoje mesmo ela foi trilha sonora de acordadas e dormidas de quarta feira de cinza.
O Rebolation foi o que mais tocou no carnaval de Salvador, e me diga:
“Você já foi à Bahia nego, não? Então vá!”
Essa música não poderia ser mais verdadeira que em fevereiro.
Na cidade onde moro e com as pessoas que convivo tive a sensação, por alguns anos, que carnaval era algo que se via na Globo- os desfiles, e na Band- os blocos e camarotes, como algo tão exótico quanto o vôo dos pelicanos na Austrália ou os rituais dos índios no Xingú nas aulas no primário. Enfim, uma alegoria folclórica cultural que devia significar qualquer coisa para aquelas pessoas (ou pelicanos) ali.
Fui pra Salvador assim, sem pretensões, sem conhecer as músicas do Asa (de Águia) e me confundindo toda com os nomes dos blocos, que não necessariamente coincidem com as bandas que tocam (chama banda de Axé? Não sei).
Você passa o dia comendo acarajé com caipirinha de caju, põe o abadá e desencana de ficar bonita, ou alguém acha bonito uma camiseta verde fosforecente com laranja bordada de lantejoulas amarelas? Aí você chega mais ou menos perto do circuito onde seu bloco está e tá tudo lotado, lotado de gente branca, magra, forte, sem dente, com sorrisos lindos, com tranças, com caipirinhas de umbu e cajá pra vender. Você anda por ruas cheias de colares de miçangas coloridas, “guias” de candomblé e umbanda feitas de enfeite no carnaval, compra cerveja de isopores geladinha por 1 real (juro, 1 real!) de baianos que são uma mistura fina de malandro com uma gentileza que só aquele sotaque tem.
Essa música não poderia ser mais verdadeira que em fevereiro.
Na cidade onde moro e com as pessoas que convivo tive a sensação, por alguns anos, que carnaval era algo que se via na Globo- os desfiles, e na Band- os blocos e camarotes, como algo tão exótico quanto o vôo dos pelicanos na Austrália ou os rituais dos índios no Xingú nas aulas no primário. Enfim, uma alegoria folclórica cultural que devia significar qualquer coisa para aquelas pessoas (ou pelicanos) ali.
Fui pra Salvador assim, sem pretensões, sem conhecer as músicas do Asa (de Águia) e me confundindo toda com os nomes dos blocos, que não necessariamente coincidem com as bandas que tocam (chama banda de Axé? Não sei).
Você passa o dia comendo acarajé com caipirinha de caju, põe o abadá e desencana de ficar bonita, ou alguém acha bonito uma camiseta verde fosforecente com laranja bordada de lantejoulas amarelas? Aí você chega mais ou menos perto do circuito onde seu bloco está e tá tudo lotado, lotado de gente branca, magra, forte, sem dente, com sorrisos lindos, com tranças, com caipirinhas de umbu e cajá pra vender. Você anda por ruas cheias de colares de miçangas coloridas, “guias” de candomblé e umbanda feitas de enfeite no carnaval, compra cerveja de isopores geladinha por 1 real (juro, 1 real!) de baianos que são uma mistura fina de malandro com uma gentileza que só aquele sotaque tem.
Sem entender bem como, você encontra seu bloco pelas pessoas com camisetas tão lindas quanto a sua e os cordeiros, pessoal que segura a corda, levanta pra você entrar.
Lá dentro da corda você não deixa de sentir-se culpada (ah herança judaico-cristã-de-esquerda) por ter gasto centenas de reais naquele abadá enquanto as pessoas talvez mais pobres que você já viu seguram as cordas para a sua segurança. Isso dura 3 cervejas e meio Smirnoff Ice, depois disso você serve seus amigos cordeiros em copinhos improvisados que eles trazem e percebe que eles sabem as músicas que você nunca ouviu (e dançam melhor).
Olhando em volta você chega a conclusão que nunca em toda a sua vida viu tanta gente bonita e tão alegre junta, junta bem junta e assim entende aquela música da Ivete (nesse momento você também passa a referir-se aos cantores de Axé como seus amigos de infância) que fala:
Lá dentro da corda você não deixa de sentir-se culpada (ah herança judaico-cristã-de-esquerda) por ter gasto centenas de reais naquele abadá enquanto as pessoas talvez mais pobres que você já viu seguram as cordas para a sua segurança. Isso dura 3 cervejas e meio Smirnoff Ice, depois disso você serve seus amigos cordeiros em copinhos improvisados que eles trazem e percebe que eles sabem as músicas que você nunca ouviu (e dançam melhor).
Olhando em volta você chega a conclusão que nunca em toda a sua vida viu tanta gente bonita e tão alegre junta, junta bem junta e assim entende aquela música da Ivete (nesse momento você também passa a referir-se aos cantores de Axé como seus amigos de infância) que fala:
“Tá um empurra empurra aqui, mas ta gostoso/ Tá um empurra empurra aqui, mas ta gostoso/ Melhor ainda é pular no meio do povo.”
Me falaram que o carnaval em Salvador podia ser perigoso por eu ser pequena e existirem lugares muito apertados e cheios. Ledo engano. Uma baixinha suada escorrega e chega até a caixa de som atrás do trio, sobe no ombro de alguém que está levantando um amigo dizendo: Eu sou mais leve! E dá “oi” pra Band.
Se foi incrível as pessoas lindas, os abadás bregas, os cheiros (de caju, cerveja e xixi), emocionante mesmo foi saber, que junto comigo tem tanta gente que se arrepia com tambor, que rebola com rebolation, que não tem medo de fazer xixi atrás de caminhão e que existe um país que é mais de verdade que na tv.
Quando criança meu pai comprava os discos de samba-enredo no natal para no carnaval sabermos de cor todas as letras.
Me falaram que o carnaval em Salvador podia ser perigoso por eu ser pequena e existirem lugares muito apertados e cheios. Ledo engano. Uma baixinha suada escorrega e chega até a caixa de som atrás do trio, sobe no ombro de alguém que está levantando um amigo dizendo: Eu sou mais leve! E dá “oi” pra Band.
Se foi incrível as pessoas lindas, os abadás bregas, os cheiros (de caju, cerveja e xixi), emocionante mesmo foi saber, que junto comigo tem tanta gente que se arrepia com tambor, que rebola com rebolation, que não tem medo de fazer xixi atrás de caminhão e que existe um país que é mais de verdade que na tv.
Quando criança meu pai comprava os discos de samba-enredo no natal para no carnaval sabermos de cor todas as letras.
Muito antes de eu criança meu avô não perdia uma noite de carnaval no clube onde era sócio e os bailes tinham direito a fantasia e briga.
Aos 12 anos fui assistir, pela primeira vez, o desfile no Rio e não minto ao dizer quão emocionada fiquei de, ao lado do recuo da bateria, passar a minha primeira noite inteira acordada por causa do samba.
Não sei a razão de eu saber toda a letra (do samba enredo) da Viradouro quando sua bateria fez a paradinha funk, o que já anunciava minha completa inabilidade de ficar parada com toda e qualquer batida (de bateria, Rebolation ou bonde do tigrão) que fale com meus quadris.
Ouvi o chato (o sócio fundador do clube dos chatos, pra ser mais precisa) do Diogo Mainardi, no Mahattan connetion, zoando com a rima (riquíssima) de Rebolation-xon e pensei que não é gente chata que não gosta de carnaval, é o carnaval que não gosta de gente chata.
Foi bom saber que sou daqui mesmo. E encontrei um monte de gente que também é.
Ouvi o chato (o sócio fundador do clube dos chatos, pra ser mais precisa) do Diogo Mainardi, no Mahattan connetion, zoando com a rima (riquíssima) de Rebolation-xon e pensei que não é gente chata que não gosta de carnaval, é o carnaval que não gosta de gente chata.
Foi bom saber que sou daqui mesmo. E encontrei um monte de gente que também é.
Por Mirabelle
Vai lá aprender a dançar o Rebolation no Youtube!!!
Vai lá aprender a dançar o Rebolation no Youtube!!!