Depois de albergar em minhas entranhas duas novas vidas em gestações completas (18 meses), depois de exercer a amamentação materna por períodos que considero prolongados (10 meses + 18 meses = 28 meses), em exclusiva nos primeiros quatro e cinco meses de vida das criaturas (isso quer dizer que você foi a única fonte de alimento delas, nada de mamadeiras, frutinhas ou comidinhas várias, nem água!), fazendo seus peitos e tudo o mais que está conectado a eles servirem à demanda de leite a QUALQUER hora do dia ou da noite, depois de mais de cinco anos, sinto que volto a ser dona do meu corpo.
Sim, agora posso comer o que eu quiser, fazer o que eu quiser (andar de bicicleta e praticar esportes, por exemplo), mas , mais que isso: voltei a ter um corte de cabelo com o qual me identifico, o piercing voltou a figurar na barriga e, tcha-ram, com algo de esforço e um mês de persistência na dieta, perdi os quilos residuais da gravidez e voltei ao meu peso pré-bebês.
O corte de cabelo foi uma re-conquista de uns seis, talvez oito meses atrás. O que acontece é que eu gosto de cabelo curto, com cortes transadinhos e modernetes e, quando você tem filho, fica com cara de mãe, fica toda meiga, deixa o cabelo crescer e tem tropocentas outras prioridades que ocupam seu tempo, sua mente e sua saúde mental antes de pensar em conseguir ir ao cabeleireiro, ou ainda em conseguir encontrar um cabeleireiro que literalmente faça a sua cabeça (alguns exemplos de outras prioridades: acordar muitas vezes de madrugada para saciar o apetite mamífero dos seus rebentos; preparar purês de legumes e frango ou carne ou peixe – esse só a partir do oitavo mês – e ou ovo – primeiro só a gema, ao menos uma vez ao dia; assegurar que sua geladeira esteja abastecida para a tarefa anterior, assegurar que sua casa dispõe de fraldas, lencinhos, cremes hidratantes hipoalergênicos ou qualquer outra parafernália infantil ou produto que de repente irrompem na sua vida como uma primeira necessidade). E leva tempo até a poeira assentar e você voltar a ter espaço interno para pensar em si, e não só neles.
Cabeleireiro encontrado (obrigada Iratxe, a basca-argentina que conquistou minhas madeixas!), que tal tapar aquela cratera que virou o buraco onde havia o meu piercing, por exemplo, com o piercing? (Meninas, tirem o piercing quando engravidarem...) Ok, mais uma pequena conquista.
E então eu, que já havia me resignado a que esses quilos residuais fossem parte de mim, que nem pensava neles e que não me pesava há séculos, um dia o fiz e me assustei. Decidi que assim não dava, pô!, ao menos 1,5 kg eu tinha que perder. E lá vem a dieta. Pela primeira vez na vida realmente eliminei alimentos da minha vida (pão, chorizo, jamón, laticínios integrais) e fechei a boca. Na fronteira dos trinta o corpo já não reage tão rápido, antes bastava comer direitinho e pronto, agora não. Mas reage, vejam só, e sem sofrer horrivelmente consegui me livrar, até o momento, de uns 3 kg.
E voltei a morar em mim, a me reconhecer por fora e por dentro. Somando os tempos do começo deste post, descubro que
meu corpo passou 46 meses a serviço de meus pequenos amores.
Quase quatro anos! Pensando que a aventura toda começou pouco mais de cinco anos atrás, tive nesse período algo como uns 12 meses de integridade física. É pouco tempo, muito pouco tempo para reorganizar seu espaço interno e encontrar forças para qualquer outro projeto que você tenha ou queira desenvolver e que não passe pelos filhos.
Mas agora a casa – eu!, esse lugar onde moro – está em ordem e vai aos poucos entrando em ritmo de festa, começando a arregaçar as mangas para a obra que a acompanha. Há momentos em que a gente tem que se recolher e pode engordar sem sentir culpa sim, mas voltar a brilhar não tem preço. E melhor ainda se você puder abrir as cortinas for sem pelos, pois como prêmio por tudo isso (ou só para encontrar um bom pretexto para por a mão no bolso) estou fazendo depilação a laser, um maravilhoso investimento em mim mesma e em todas as saias que irei usar na minha reinauguração.
E música, maestro, que o espetáculo vai começar!
Womber Woman
Adorei!!!
ResponderExcluirDear, entendo seu retorno aos cortes modernets e (uhul) ao peso pré babys, mas não vamos esquecer que vc seguiu a risca nosso plano de ser uma hot mom, mesmo com os cabelos compridos!! Vc sempre esteve linda.
ResponderExcluirMirabelle
Que linda essa coisa de reinauguração.. reintegração de posse, o valor material mais fundamental de nós mesmos... gostei muito dessa perspectiva de leitura da coisa... =)
ResponderExcluirDeia, oi lendo o seu texto, me lembrei da fase que vivi isso. A percepção de conseguir ser novamente eu, e mais mae, profissional, companheira, militante ... Nossa foi tao bom na época! Foi uma grande conquista!
ResponderExcluirO seu texto me trouxe isso de volta!
Obrigada, pois estou precisando me reinaugurar aos 46. Hj por outros motivos, mas a essencia é a mesma!
Parabens!
bjs
Oi Lea, poisé, ser mulher realmente é um troço muito exigente. Mas quando a gente consegue fazer bem a coisa dá uma satisfação danada!
ResponderExcluirMirabelle, amiga querida, seus olhos tão generosos mostram a sinceridade da sua amizade. Obrigada.
E obrigada a todas por ler e pelos confetes. Gliter em nós, mulherada!
Beijos
WW
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