Hoje é domingo pé de cachimbo
O cachimbo é de ouro bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo
Não sei se é esse belo versinho que meu avô recitava que amaldiçoou para sempre meus domingos ou se foram os domingos mesmos que inspiraram os versos, mas sejam uns inspiradores dos outros ou vice-versa, eles tem muito em comum.
A sensação apocalíptica, o fundo, o fim.
E não é por causa do Fantástico ou do Faustão, aboli esses requintados programas televisivos há mais de dez anos, ingênua eu, pensando que o problema era sanfonado como o Fauto Silva ou como as singelas notícias do fim do dia que a Globo delicadamente oferta ao país: merenda escolar apodrecida, velhinhos espancados em asilos... foge à minha compreensão o motivo pelo qual as pessoas assistem, mas não vamos entrar no mérito do masoquismo popular.
A questão dominical há muito me aflige porque não é pelos motivos que ouço falar que as pessoas dizem não gostar do domingo. Não é porque está chegando a segunda. Adoro a segunda, quando a segunda chega minha cabeça volta a funcionar, tudo aquilo que eu não conseguia pensar no domingo volta a fazer parte natural da minha agenda mental, também não é porque “não tem nada pra fazer”. Tem coisa melhor do que “não ter nada pra fazer” quando se está de férias?
E porque então que domingo parece ser composto de minutos moles que escorrem de um relógio de mingau sem gosto do Salvador Dali?
Tem algo melhor do que um dia no meio da semana no qual por um motivo qualquer a gente tem uma folga? Lembra quando a gente acordava para ir à aula e... não ía? Lembra a sensação de voltar pra cama? Lembro do quentinho do cobertor no sol da manhã, de tomar café mais tarde e ver aquela claridade amarela fora da sala de aula.
Um dia desses, tirei um dia do trabalho para arrumar a casa porque tinha acabado de me mudar, em um dia no qual não se trabalha a gente lava a louça, faz uma comidinha nova, coloca uma gaveta em ordem, leva uma roupa na costureira, assiste algo na TV, paga uma conta, manda um email, lê algo nem um blog, faz a unha, põe um creme no cabelo e liga pra sua avó... enfim, nada que te faça ganhar o prêmio Nobel, mas um dia bom, imensamente bom, que dá aquela sensação de pequenos deveres bem cumpridos.
Porque que no domingo você acorda com 14, 15 promissoras horas pela frente e não faz NADA?????
NADA???
Eu sento na frente do computador e pulo do Facebook, para um email e outro e não consigo lembrar de uma conta que eu tenho que pagar ou um Blog que eu queira ler e é só chegar segunda-feira que eles pulam na minha cabeça que nem um amigo no MSN falando “OI”.
PORQUE QUE EU NÃO LEMBREI NO DOMINGO?
Porque eu lembro do texto que eu queria ler, da conta pra pagar na segunda, quando eu tenho 30 minutos pra almoçar e chego em casa 21:30h da noite?
Será que no domingo o sistema cai?
Sei lá qual sistema, o Google do mundo?
O cachimbo é de ouro bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo
Não sei se é esse belo versinho que meu avô recitava que amaldiçoou para sempre meus domingos ou se foram os domingos mesmos que inspiraram os versos, mas sejam uns inspiradores dos outros ou vice-versa, eles tem muito em comum.
A sensação apocalíptica, o fundo, o fim.
E não é por causa do Fantástico ou do Faustão, aboli esses requintados programas televisivos há mais de dez anos, ingênua eu, pensando que o problema era sanfonado como o Fauto Silva ou como as singelas notícias do fim do dia que a Globo delicadamente oferta ao país: merenda escolar apodrecida, velhinhos espancados em asilos... foge à minha compreensão o motivo pelo qual as pessoas assistem, mas não vamos entrar no mérito do masoquismo popular.
A questão dominical há muito me aflige porque não é pelos motivos que ouço falar que as pessoas dizem não gostar do domingo. Não é porque está chegando a segunda. Adoro a segunda, quando a segunda chega minha cabeça volta a funcionar, tudo aquilo que eu não conseguia pensar no domingo volta a fazer parte natural da minha agenda mental, também não é porque “não tem nada pra fazer”. Tem coisa melhor do que “não ter nada pra fazer” quando se está de férias?
E porque então que domingo parece ser composto de minutos moles que escorrem de um relógio de mingau sem gosto do Salvador Dali?
Tem algo melhor do que um dia no meio da semana no qual por um motivo qualquer a gente tem uma folga? Lembra quando a gente acordava para ir à aula e... não ía? Lembra a sensação de voltar pra cama? Lembro do quentinho do cobertor no sol da manhã, de tomar café mais tarde e ver aquela claridade amarela fora da sala de aula.
Um dia desses, tirei um dia do trabalho para arrumar a casa porque tinha acabado de me mudar, em um dia no qual não se trabalha a gente lava a louça, faz uma comidinha nova, coloca uma gaveta em ordem, leva uma roupa na costureira, assiste algo na TV, paga uma conta, manda um email, lê algo nem um blog, faz a unha, põe um creme no cabelo e liga pra sua avó... enfim, nada que te faça ganhar o prêmio Nobel, mas um dia bom, imensamente bom, que dá aquela sensação de pequenos deveres bem cumpridos.
Porque que no domingo você acorda com 14, 15 promissoras horas pela frente e não faz NADA?????
NADA???
Eu sento na frente do computador e pulo do Facebook, para um email e outro e não consigo lembrar de uma conta que eu tenho que pagar ou um Blog que eu queira ler e é só chegar segunda-feira que eles pulam na minha cabeça que nem um amigo no MSN falando “OI”.
PORQUE QUE EU NÃO LEMBREI NO DOMINGO?
Porque eu lembro do texto que eu queria ler, da conta pra pagar na segunda, quando eu tenho 30 minutos pra almoçar e chego em casa 21:30h da noite?
Será que no domingo o sistema cai?
Sei lá qual sistema, o Google do mundo?
Por Mirabelle
É a mesma coisa quando vc vai levar alguma pessoa querida, e que mora distante, até o aeroporto... vc conta o caminho regressivamente...
ResponderExcluirEu acho que não gosto do domingo porque segunda o mindset de trabalho vai voltar, a descompressão feita na sexta se desfaz na fatídica noite de domingo (nesse sentido, o fantástico até que me conforta, sempre me lembro de estar com meus pais, juntinhos..). A segunda não me tortura tanto, mas a preguiça de ficar acordado na cama sem levantar, rolando.. já foi. Além do vazio mesmo, já pela tardinha pode vir uma angústia amorfa de perda, mas que coisa mais louca perder algo que nem se sabe o que é...
ResponderExcluirVerdade! Ficamos parecidos com amebas!
ResponderExcluirMesmo assim, adoro não conseguir pensar em nada pelo menos um dia da semana, ao mesmo tempo que odeio quando chega a segunda e percebo que o cachorro continua sem banho e o armário bagunçado!
Mas para quem se deprime com o fantástico, na segunda-feira a Ana Maria entrevista ao vivo no estúdio a mão da criança intoxicada pela merenda estragada.
O domingo sempre foi melancólico pra mim desde criança. Ainda hoje é um dia estranho, sem absolutamente nada que me faça pensar nele como uma perspectiva positiva. Mil vezes a segunda-feira, onde a vida já anda.
ResponderExcluirMe lembro que quando morava em Israel, onde o domingo é um dia de trabalho normal, foi a única época na minha vida onde eles passaram praticamente incólumes, porém, lá os sábados se tornaram os domingos... que coisa incrível.
Me solidarizo com esses que vivem essa angústia dominical, principalmente pós-almoço, onde o que já era melancolia vira tormento, torcendo para as horas passem bem rápido e que chegue logo o dia seguinte.
Tenho um amigo que sempre me diz que eu deveria pensar no domingo como um outro dia qualquer. Mas como fazer isso se esse dia qualquer é o DOMINGO?
Bjo