sábado, 3 de setembro de 2011

Dançar com você


De manhã minha vontade de calor não é suficiente pra apressar o quente a chegar antes.

Acordo depois de lanche de madrugada com ainda mais fome, porque é fome de outra coisa, que não se mata com comida, no matter quanto x-burger com batata frita, Milk shake e pizza requentada.

Fome de volta de balada. É aquela fome que a gente vê criaturas devorando lanches na madrugada, uma fome que mistura chapa de padaria, vodka, queijo, cimento, cerveja e fumaça (mas na hora nem parece ruim). A fome-de-outra-coisa, fome de algo que se foi procurar e não achou e voltou com menos nome, no negativo, dando fome. A barriga voltou mais vazia do que foi, roncando, exigente, nervosa. Estranho que come-se isso, cheio de maionese, e vai se emagrecendo. Provavelmente pelo poder desnutritivo calórico que vai consumindo outras coisas por dentro.


A voz da Vanessa da Mata, que é tão de manhã, que dá vontade de andar descalça e amarrar o cabelo (aquele cabelo) com uma flor de chita, e fazer suco de manga, e lavar a louça que ficou na pia. Ainda bem que tem ela pra explicar essa fome que continua a roncar a barriga depois de um lanche que você nunca comeria na sua dieta normal.

“Fico desejando nós gastando o mar”

E esse frio que não vai embora?


It feels like years since it's been here.

A voz dela alaranja o ar, e vai dando palavra para a fome que silencia um pouco o barulho que a barriga faz, revolta e exigente por algo (que agora você sabe que não se trata de comida, e talvez que não seja a barriga).

Não é fome não, é outro espaço vazio, desocupado. É vontade de dançar, mas vontade de dançar que não se mata dançando em qualquer lanchonete, vontade de dançar caprichosa, seleta, exclusiva, esfomeada.


“Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você”


(Amado- Vanessa da Mata)


+ um pouquinho de Vanessa da Mata
"Vem
Que eu sei que você tem vontade
Que eu sei que você tem saudade de mim
Antes que haja enfermidade, que eu não me recupere mais
"


Por Mirabelle




(Foto de Dane Shitagui, fotógrafa havaiana que fotografa bailarinas em NY)

Um comentário:

  1. Você escreveu após o Kirov? As vezes me surpreendo sorrindo após um fouette furtivo depois de estender a roupa...e como faz bem rodopiar, mas como você disse, não é qualquer dançar ou balada, é aquela luz de palco, o suspiro frente ao salto, o 1,2,3 e 4... Que saudades que deu

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