[continuação do post de 6 de dezembro, que conta a odisseia do Júnior (e de seus pais) para caçar um caracol e levá-lo para a escola...]
Amanhece o dia e o Júnior oferece um despertar difícil, não consegue acordar de jeito nenhum, chora, reclama, esperneia, pede pra dormir mais. É preciso desenvolver a arte da argumentação nesses momentos e, com algo de criatividade, proponho: vamos ver como o caracol acordou para você levá-lo para a escola?
Funciona. Júnior levanta e reage, vou à cozinha buscar a lesminha amanhecida, solenemente ignorada até aquele momento por meu eu matinal ainda entorpecido. Pero... pero... ela está de cabeça pra baixo, grudada no Magipack... e na parte final da concha havia um buraco... MEU DEUS!!! Será que o caracol morreu? Não posso acreditar no tamanho da decepção e do trauma que isso acarretaria no Júnior em plena segunda-feira de manhã. Olho melhor pro pote e vejo que há uns cocozinhos no fundo. Reflito. Pode ser que o molusco terrestre ainda esteja vivo. Prendo a respiração e, depois de alguns momentos de tensão, vejo que a lesminha sai da concha, mostra as anteninhas e solto um suspiro de alívio enquanto entôo, mentalmente: “Cargol treu banya!”.
E assim vou eu e a Zilminha levar o Júnior pra escola. Ele sai de casa orgulhoso, com seu copinho na mão, pronto para realizar descobrimentos científicos interessantíssimos junto de seus coleguinhas, todos com entre 2 e 3 anos de idade. Caminhamos pelo bairro com cuidado, pois o próprio Júnior está levando o recipiente (eu tenho as mãos ocupadas empurrando o carrinho da Zilminha). Outros pequenos cientistas vão chegando com seus potes com caracóis. Ali, no meio daquele furor matinal, na esquina da escola, a poucos passos do objetivo final, o Júnior, num desses momentos de imprevisibilidade da vida, tropeça. E o copinho voa, se espatifa em mil e um pedaços e meu futuro Darwin abre o berreiro: “Buááááá... o caracol... meu caracol...”
A mãe respira fundo, coloca o freio no carrinho da bebê, agacha-se com elegância no meio da calçada (para não dizer que ficou de quatro), recupera o pedaço de Magipack e, com suas próprias mãos e superando o nojo, resgata o caracol-anão do meio dos cacos de vidro e cascalho. Pronto. Problema contornado, a Ciência está a salvo.
Finalmente, o Júnior cruza o portão da escola exitoso, exultante, com seu pequeno molusco ainda com vida embrulhado no pedaço enrugado de Magipack e chega ao objetivo final. Missão cumprida.
DESFECHO
Pela tarde, depois de buscar o Júnior, pergunto a ele como foi o dia e o estudo dos caracóis.
- A Sara pisou no meu caracol!
E é assim como nosso caracol, que quase escapou pela parede da cozinha, que acreditei ter morrido por algum componente corrosivo do Magipack em sua noite de cárcere, e que sobreviveu à queda e destruição daquilo em que era transportado em uma rua transitada esquivando-se da possibilidade de ser pisoteado, chega a seu fim, cumprindo o destino de sacrificar sua vida em nome da ciência.
by Womber Woman
Amanhece o dia e o Júnior oferece um despertar difícil, não consegue acordar de jeito nenhum, chora, reclama, esperneia, pede pra dormir mais. É preciso desenvolver a arte da argumentação nesses momentos e, com algo de criatividade, proponho: vamos ver como o caracol acordou para você levá-lo para a escola?
Funciona. Júnior levanta e reage, vou à cozinha buscar a lesminha amanhecida, solenemente ignorada até aquele momento por meu eu matinal ainda entorpecido. Pero... pero... ela está de cabeça pra baixo, grudada no Magipack... e na parte final da concha havia um buraco... MEU DEUS!!! Será que o caracol morreu? Não posso acreditar no tamanho da decepção e do trauma que isso acarretaria no Júnior em plena segunda-feira de manhã. Olho melhor pro pote e vejo que há uns cocozinhos no fundo. Reflito. Pode ser que o molusco terrestre ainda esteja vivo. Prendo a respiração e, depois de alguns momentos de tensão, vejo que a lesminha sai da concha, mostra as anteninhas e solto um suspiro de alívio enquanto entôo, mentalmente: “Cargol treu banya!”.
E assim vou eu e a Zilminha levar o Júnior pra escola. Ele sai de casa orgulhoso, com seu copinho na mão, pronto para realizar descobrimentos científicos interessantíssimos junto de seus coleguinhas, todos com entre 2 e 3 anos de idade. Caminhamos pelo bairro com cuidado, pois o próprio Júnior está levando o recipiente (eu tenho as mãos ocupadas empurrando o carrinho da Zilminha). Outros pequenos cientistas vão chegando com seus potes com caracóis. Ali, no meio daquele furor matinal, na esquina da escola, a poucos passos do objetivo final, o Júnior, num desses momentos de imprevisibilidade da vida, tropeça. E o copinho voa, se espatifa em mil e um pedaços e meu futuro Darwin abre o berreiro: “Buááááá... o caracol... meu caracol...”
A mãe respira fundo, coloca o freio no carrinho da bebê, agacha-se com elegância no meio da calçada (para não dizer que ficou de quatro), recupera o pedaço de Magipack e, com suas próprias mãos e superando o nojo, resgata o caracol-anão do meio dos cacos de vidro e cascalho. Pronto. Problema contornado, a Ciência está a salvo.
Finalmente, o Júnior cruza o portão da escola exitoso, exultante, com seu pequeno molusco ainda com vida embrulhado no pedaço enrugado de Magipack e chega ao objetivo final. Missão cumprida.
DESFECHO
Pela tarde, depois de buscar o Júnior, pergunto a ele como foi o dia e o estudo dos caracóis.
- A Sara pisou no meu caracol!
E é assim como nosso caracol, que quase escapou pela parede da cozinha, que acreditei ter morrido por algum componente corrosivo do Magipack em sua noite de cárcere, e que sobreviveu à queda e destruição daquilo em que era transportado em uma rua transitada esquivando-se da possibilidade de ser pisoteado, chega a seu fim, cumprindo o destino de sacrificar sua vida em nome da ciência.
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